O Voo dos Sonhos

O Voo dos Sonhos

O Voo dos Sonhos

Era uma noite chuvosa e fria. Ana e Pedro estavam em casa, assistindo a um filme de terror na Netflix. Eles gostavam de sentir o medo e a adrenalina que esse tipo de filme provocava neles. Ana se aconchegava no peito de Pedro, enquanto ele passava a mão pelos seus cabelos. Eles se beijavam de vez em quando, mas sem tirar os olhos da tela.

O filme estava chegando ao final, quando uma cena chocante fez Ana gritar e se encolher nos braços de Pedro. Era uma mulher sendo perseguida por um monstro horrível, que tinha garras, dentes afiados e olhos vermelhos. Ela corria desesperada por um corredor escuro, tropeçando em objetos pelo caminho. O monstro se aproximava cada vez mais, até que a alcançou e a atacou com violência. A tela ficou vermelha e o som de ossos quebrando e carne rasgando ecoou pela sala.

Ana fechou os olhos e tapou os ouvidos, sentindo o coração acelerado. Pedro a abraçou forte e disse:

– Calma, amor. É só um filme. Não é real.

– Eu sei, mas é tão assustador… – disse Ana, tremendo.

– Quer que eu pause? – perguntou Pedro.

– Não, não. Vamos terminar de ver. Talvez tenha uma reviravolta no final. – disse Ana, tentando se acalmar.

Pedro deu play no filme e eles continuaram assistindo. O filme terminou com um final surpreendente: a mulher que foi atacada pelo monstro era na verdade a protagonista do filme, que sofria de alucinações causadas por um trauma de infância. Ela estava internada em um hospital psiquiátrico e o monstro era uma representação do seu medo. O filme era uma mistura de realidade e fantasia, que confundia o espectador até o último minuto.

Ana e Pedro ficaram impressionados com o desfecho do filme. Eles comentaram sobre as cenas mais marcantes e as pistas que o diretor deixou ao longo da história. Eles elogiaram a atuação dos atores e a trilha sonora do filme. Eles concordaram que foi um dos melhores filmes de terror que já viram.

– Que tal fazermos algo para relaxar depois desse filme? – sugeriu Pedro, com um sorriso malicioso.

– O que você tem em mente? – perguntou Ana, devolvendo o sorriso.

– Você sabe… – disse Pedro, beijando o pescoço de Ana.

Ana sentiu um arrepio percorrer o seu corpo. Ela se entregou ao beijo de Pedro e eles foram para o quarto. Lá, eles fizeram amor com paixão e intensidade, esquecendo-se do mundo lá fora.

Depois, eles se abraçaram na cama e adormeceram juntos.

No dia seguinte, Ana acordou com o som do despertador. Ela abriu os olhos e viu que estava sozinha na cama. Ela estranhou, pois Pedro sempre acordava antes dela e a beijava para dizer bom dia. Ela pegou o celular e viu que eram 7 horas da manhã. Ela se levantou e foi até o banheiro. Lá, ela viu um bilhete colado no espelho:

“Ana,

Desculpe por não estar aí quando você acordou. Tive que sair cedo para uma reunião importante no trabalho. Não quis te acordar, pois você estava dormindo tão bem… Espero que tenha gostado do filme de ontem à noite. Eu adorei passar esse tempo com você. Você é a mulher da minha vida e eu te amo muito.

Beijos,

Pedro.”

Ana sorriu ao ler o bilhete. Ela sentiu uma onda de amor invadir o seu peito. Ela pegou o bilhete e o guardou na bolsa. Ela tomou um banho rápido e se vestiu para ir trabalhar também.

Ela saiu do apartamento e pegou o elevador. No caminho, ela pensou em como Pedro era carinhoso e atencioso com ela. Eles estavam juntos há dois anos e se davam muito bem. Eles tinham muitas coisas em comum, como o gosto por filmes de terror, música, livros e viagens. Eles se apoiavam nos momentos difíceis e se divertiam nos momentos alegres. Eles se respeitavam e se admiravam. Eles se amavam.

Ana chegou ao térreo e saiu do elevador. Ela caminhou até a portaria, onde o porteiro a cumprimentou:

– Bom dia, dona Ana. Tudo bem?

– Bom dia, seu João. Tudo ótimo. E o senhor?

– Tudo bem também, graças a Deus. A senhora vai trabalhar hoje?

– Sim, sim. Tenho que pegar um ônibus logo.

– Ah, que pena. A senhora não vai ver o seu namorado hoje?

Ana ficou confusa com a pergunta do porteiro. Ela perguntou:

– Como assim? O Pedro não está no trabalho?

– Pedro? Quem é Pedro? – perguntou o porteiro, surpreso.

– O Pedro, meu namorado. O homem com quem eu moro. – disse Ana, achando que o porteiro estava brincando com ela.

– Dona Ana, a senhora está bem? A senhora não mora com ninguém. A senhora mora sozinha neste apartamento há três anos. – disse o porteiro, sério.

Ana sentiu um frio na espinha. Ela não entendeu o que o porteiro estava dizendo. Ela disse:

– O que? Como assim? Isso não é verdade. Eu moro com o Pedro. Nós assistimos a um filme ontem à noite. Ele me deixou um bilhete no banheiro. Está aqui na minha bolsa.

Ana abriu a bolsa e procurou pelo bilhete de Pedro. Mas ela não encontrou nada. Só havia o seu celular, a sua carteira, as suas chaves e alguns papéis. Nenhum sinal do bilhete.

Ana ficou em pânico. Ela não sabia o que estava acontecendo. Ela disse:

– Não pode ser… Onde está o bilhete? Onde está o Pedro?

O porteiro ficou preocupado com a situação de Ana. Ele disse:

– Dona Ana, a senhora está delirando. A senhora precisa de ajuda médica. Vou ligar para a emergência.

Ana não quis ouvir mais nada. Ela saiu correndo da portaria e foi para a rua. Ela olhou para os lados, procurando por Pedro. Mas ela não viu ninguém que se parecesse com ele.

Ela começou a chorar e a gritar:

– Pedro! Pedro! Onde você está? Volte para mim!

As pessoas que passavam pela rua olhavam para Ana com estranheza e pena. Elas pensavam que ela era uma louca ou uma drogada.

Ana não se importava com os olhares alheios. Ela só queria encontrar Pedro e abraçá-lo novamente.

Ela continuou correndo pela rua, sem rumo.

Ela não sabia que tudo aquilo era um sonho.

Um sonho que ela tinha todas as noites.

Um sonho que ela nunca queria acordar.

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